quarta-feira, 2 de junho de 2021

Parto

Olá queridos leitores!

Esperamos que estejam todos rijos de saúde! hehe

Tenho andado a algum tempo a ponderar sobre o assunto que vos escrevo hoje. Após pensar e falar com o Piruças... decidi vir partilhar este tema. É importante falar sobre algumas experiências, neste caso sobre o parto. Tenho ouvido e lido partilhas "muito românticas" e cor-de-rosa sobre este tema, mas a verdade é que também há partos menos coloridos...

A minha gravidez foi seguida num hospital público-privado e do início até ao fim teve algumas falhas. Passei por uns quantos obstetras, porque a equipa estava em mudanças, diziam eles (apesar de achar que foi pouco profissional). Com trocas e baldrocas, a preparação para a futura mamã e parto foi pouco ou nada explicado, de forma que não me senti preparada para aquele momento.

Devido ao tamanho da princesa aconselharam a indução de parto (desculpas, porque ainda estava dentro do tempo, estava com 38 semanas). A indução foi marcada para o dia 1 de Março, mas antes teria de realizar o teste para despistar o Covid-19.
Daqui para a frente é que as coisas vão se tornar mais preocupantes e aterrorizantes para a minha pessoa e para o Piruças.

1° DIA (1-3-2021)
Lá estávamos nós, rigorosamente presentes no hospital para a aventura. Fomos encaminhados para o piso correspondente, começamos no gabinete de Enfermagem, mas depois andamos de saltimbanco de quarto para quarto, como se andassemos a fazer um roteiro. Para não perder tempo e nem dinheiro, toca a tomar o primeiro comprimido de muitos e realizaram alguns exames. 
Para ajudar na dilatação, andamos kilometros num corredor de 100 metros e isto para não falar que também dancei várias vezes a Jerusalema 😅🤣
Com toda esta cena do Covid, os acompanhantes só podiam estar presentes das 12h às 16h e quando chegou a hora, o Piruças teve de ir.

Depois de ir embora, como não bastava, fui colocada no bloco de partos sozinha e para ajudar, colocaram-me uma série de fios que parecia uma cena saída do filme Frankenstein. Para provocar o parto, mas não muito, toca enfiar drunfs mas pouco porque o hospital está a reter custos, porque senão, não dá para pagar aos funcionários. Então com esta história toda, vai ser uma noite longa e divertidíssima com as (anti)simpáticas das enfermeiras.

Gabinete Enfermagem

2° DIA (2-3-2021)
Segundo dia, já cá canta, após uma noite de farra e uma sesta de princesa, toca a a fazer a análises. Resultado: infeção urinária e dilatação nada. Para resolver a infeção, toca a injectar um derivado da penicilina, sem perguntarem nada. Resultado: alergia, comecei a inchar que parecia um balão. Desesperada e com falta de ar, toco a campainha de emergência e... toco outra vez e... pois, ninguém apareceu, talvez tivessem ressacados da festa do dia antes. Com dificuldade em levantar, arranco os fios todos e gritei por socorro à porta do bloco de parto. Só assim é que me acudiram (a desculpa foi que o botão avariou, mas não chamaram qualquer técnico para resolver).
Deram a injeção para cortar o efeito do antibiótico e passados uns minutos quando acalmou o pânico, tinha os pés, cara, lábios e um olho inchado.
O Piruças quando soube da situação,  foi ao hospital para ver como eu estava, mas teve que implorar para entrar. Quando entrou... não o reconheci. 
Um dia sem ter dilatação suficiente, drunfs com força mas poucos.

Bloco de Partos - Visita do Piruças

3° DIA (3-3-2021)
Três dias de tédio, sofrimento e solidão. Três dias sem televisão, sem visitas e neste impasse sem dilatação. Planos para este dia: continuação de drunfs, toques, toques e mais toques. Decidir se continuo à espera que chegue à dilatação suficiente para fazer parto normal ou se partimos para a cesariana. A pequena (grande segundo eles 😂) Alice é tão teimosa, nao tem vontade de sair. 

Ás 16 horas, rebenteram-me as águas depois de um toque agressivo e como continuava sem  dilatação suficiente o impasse manteve-se até ás 18:10 quando decidiram fazer a cesariana. Ás 18:58 a pequena grande Alice nasceu, finalmente! Com 48cm e 3.560kg de amor e ternura! Todo o sofrimento foi "esquecido" assim que a vi. Nasceu bem, cheia de saúde e linda linda. Ops, desculpem a baba 😂.

Este post, foi escrito de uma forma engraçada para que os leitores, não achassem uma leitura pesada e angustiante. Senti a necessidade de expor, algumas situações, apesar de ter sido muito difícil de escrever este tema, porque ainda hoje me custa falar sobre tudo isto.
Foram os três dias mais longos da minha vida. A solidão, a ansiedade, a falta de acompanhamento e a escassez de informações deram conta da ideia cor-de-rosa que tinha do parto. 

Até breve!